dezembro 15, 2012

Entre poesia e sinhás velhas

    Na quinta-feira, 13 de dezembro, o serTÃOBrasil arranchou lá em bandas de SESC Itaquera. Sob o telhado rude de um quadrado quiosque, fez-se a cozinha deSinhá, Dona Zica. Lá tinha até, olhem só vocês, um pequeno e belo fogão à lenha, paredes em estampas de cor coloridas, coloridinhas: fruta cor, cor em flor, amarelinhas, musgo verdes, abricós lilases de tons variados. Pôs-se então estendido tapete, bordado de bovinas fazendas e chão sem fim em curvas serras de urucum e jatobá. Fez-se em bandas de lá, o serTÃOBrasil de Bordadeira, velha sinhá e encardido vaqueiro.
    No meio de lá das prosas e cantorias de Mestre Zuza; no meio de lá das broas de milho, cafezim e polvilho assado de Sinhá Dona Zica, levanta miudinha uma voz,. Voz miúda, de propriedade de miúdo corpo, encurvado um tiquim só, enrugado um tantim assim... Mas de olhos vivos e alegre estampar. Linda! Linda Caetana. Surgiu foi assim, "nuderrepente", poesia falada, declamada, aclamada em estouro de palmas... poesia.
    Poético momento Roseano e de Barros Manoel, nos brindou essa senhora que agora, em corpo de sua poesia, faz parte de nosso serTÃO. Assim... ói só pr'cê vê:


POESIA DA VOVÓ

VOVÓ TAMBÉM É VELHA / FRANZIDINHA COMO O QUE
PASSA O DIA LÁ NA REDE / ENTRETIDA NO CROCHÊ
ÀS VEZES FICA ZANGADA / COM O BARULHO QUE FAÇO
PEGA NO CHINELO / EU RI E ELA RI
E LOGO VEM UM ABRAÇO

UM DIA VIROU A CASA / PARA SEU ÓCULOS ACHAR
REMEXEU CANTO POR CANTO / QUERIA ME CULPAR
BEM QUE EU SABIA DE TUDO / MAS TUDO ISSO ERA UMA FESTA
POIS VOVÓ TRAZIA O ÓCULOS / PRESO NO ALTO DA TESTA

"Ah... essa poesia quem me contava era pai. Ele sentava com a gente na sala, em hora de dormir, e contava... Contava causos, poesias, histórias. Essa era a que eu mais gostava." - Linda Caetano, uma bela senhorinha que encontramos em nossas poeiras estradas lá de SESC Itaquera.


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